sexta-feira, 28 de dezembro de 2012


F R A G M E N T O S
E C O N O M I A    E   P O L Í T I C A

DÉFICIT DA ERA PRANDINI
A gestão Prandinista está chegando ao fim e deixa  um triste legado e um aprendizado  para que o caminho trilhado não seja percorrido pelos futuros gestores deste município: fechamento de sua gestão com um monstruoso déficit, gasto maior do que a receita que,  em 31 de outubro de 2012, já contabilizava a monstruosa cifra superior a dez milhões de reais, conforme Relatório de Gestão Fiscal remetido ao TCE:
Especificação     2009           2010                2011           jan/out/2012     Acumulado
Receita total  109.488.286  125.482.708   138.409.141   117.064.138    490.444.273
Gasto total     115.738.650  125.055.745   149.392.195   110.930.050   501.116.640
Resultado       (6.250.364)         426.963    (10.983.054)      6.134.088    (10.672.367)

DÉFICIT EM 31 DE DEZEMBRO DE  2012
Numa avaliação otimista e conservadora, considerando que neste ano a gestão Prandinista está produzindo um superávit artificial em torno de 500.000,00 por mês, conseqüência da “máquina parada”, mesmo assim, este governo encerrará a sua gestão com um déficit mínimo de nove milhões de reais.

DÍVIDA DA ERA PRANDINISTA- HERANÇA MALDITA -
Como profissional da área, não ficaria bem colocar no mesmo saco, como acontece com a maioria dos jornalistas de plantão, os termos “déficit e dívida” como termos únicos e sinônimos. O círculo da gestão Prandinista será carimbado com a marca do déficit em torno de nove milhões de reais e de uma dívida líquida somente  de restos a pagar (dívida menos dinheiro em caixa) que ficará em torno de seis milhões de reais.
 Como herança maldita, além da dívida monstruosa de restos a pagar,  repassará ao seu sucessor o triste retrato falado de uma cidade em caos total, sinais de trânsitos sem manutenção, vias públicas esburacadas, deficiência na limpeza pública, falta de pagamento de convênios, dentre outras pendências.

SALDO DA DÍVIDA INFERIOR AO DÉFICIT
Embora o déficit seja gerador da dívida, nem sempre, os dados contabilizados terão o mesmo valor. Neste caso específico,  o governo anterior deixou um caixa líquido em torno de três milhões de reais, cujo valor foi utilizado  pela gestão atual para liquidar parte da dívida criada por este déficit. Consequentemente, os valores da marca Prandinista de déficit e dívida não são coincidentes.

MAQUINA PARADA
Neste ano de 2012, na expectativa de reverter, sem sucesso, a situação financeira e econômica de seu governo, a gestão Prandista promoveu um “cavalo de pau” na máquina administrativa, com conseqüências sociais para a população e política para o seu governo. A máquina reduziu drasticamente o seu ritmo, quase parada e, consequentemente, conseguiu produzir um superávit forçado em suas contas, no período de janeiro a outubro de 2012, de valor superior a seis milhões de reais. Caso não promovesse este “pau” na máquina, o resultado de sua gestão, em termos financeiro e econômico, seria ainda mais desastroso.

CONSULTORIA
Em 2010, pela análise da gestão do município, o  diagnóstico já apontava para um final catastrófico e ele, o prefeito, necessitava cortar na própria carne para encerrar a sua gestão com um final feliz. Consultor não muda gestão alguma, apenas pontua, dá o norte e orienta o caminho a seguir, cabendo a ele, prefeito,  seguir ou não a orientação formulada. Porém, orientação não acatada constitui para o consultor  um elevado risco de credibilidade, de desgaste e de “queima” da  sua própria imagem. Consultoria de Ipatinga foi contratada e nada mudou.   Prognosticando de que “mudanças” não seriam implementadas, como consultor, preferi buscar guarida, distanciando-me quilometricamente da contaminação deste barco que, naquela época, já estava à deriva.

LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL
Princípio elementar visando o sucesso de qualquer administração: equilíbrio entre receitas e despesas. Está pegando muito mal para o Advogado Gustavo Prandini o não cumprimento desta diretriz da Lei Complementar 101/00 e, como conseqüência, deverá responder processo por improbidade administrativa prevista nesta LC.

DA “ERA” PRANDINISTA PARA UMA “NOVA ERA”
A triste era Prandinista está chegando ao fim, deixando como aprendizado um sinal de alerta ao futuro e aos futuros gestores municipais: que seja implementada a eficiência na gestão para que a esperança de um futuro promissor volte a reinar nos corações e mentes dos cidadãos. Um novo governo está preste para nascer, é um fato, porém, o que a maioria esmagadora da população espera deste novo governo é que ela nunca venha  sentir saudade da “era” Prandinista.

ERRO DE AVALIAÇÃO
Noticiado pela imprensa, tomei conhecimento da tranqüilidade do prefeito eleito e de seu decantado otimismo em viabilizar recursos estaduais para a nossa Monlevade, o que não deixa de ser uma “razoável” notícia, além deste jargão de “buscar verbas” ter contribuído eficazmente para a sua avassaladora vitória eleitoral. No entanto, deixaram de avisar ao prefeito eleito, e esta seria uma das funções de sua “comissão de transição”, que o problema de João Monlevade não tem origem na falta de captação de recursos, isto  Prandini o fez e muito bem na esfera federal. O problema de Monlevade é de gestão e está localizado na estrutura, no peso de sua máquina administrativa, no seu custeio, basta observar os números: 1) O investimento em obras da gestão Prandinista é pequeno em relação às administrações anteriores; 2) Embora tenha investido pouco em obras, algo em torno de mais de oitenta por cento deste investimento estão representados pela utilização de recursos de empréstimo via BDMG e de verbas federais de convênios; 3) Mesmo investindo pouco em obras e utilizado praticamente somente recursos de empréstimos e de convênios, a gestão Prandinista ainda conseguiu produzir um “rombo”, déficit superior a nove milhões de reais.4) Este déficit produzido de nove milhões de reais é superior ao valor investido em obras com receitas próprias.

REALIDADE TRÁGICA E PRINCIPAL GARGALO
A intenção é apenas de informar, que já deveria ter sido feito pela sua “comissão de transição”, e não o de jogar uma “ducha” de água fria na tranqüilidade e otimismo do prefeito eleito, mas apenas ser coerente com a realidade fatídica: a receita corrente do município não está sendo suficiente para custear a sua máquina, ou seja, o peso, o tamanho da máquina é superior à receita corrente do município e nada adianta buscar recursos externos sem o combate eficaz desta triste realidade. Como ? – Reduzindo o  tamanho da máquina, promovendo ações como, trabalhar o VAF, para o aumento de nossa receita de ICMS, ou melhor, fazendo as duas coisas ao mesmo tempo. O que o monlevadense espera do novo prefeito é a prática de uma gestão eficiente e o seu resultado aplicado na evolução da cidadania para todos.

CONVOCAÇÃO
Ninguém administra sozinho, o mérito é de todos, é da equipe,  e o gestor é avaliado pela qualidade de sua assessoria. O técnico “Felipão” já foi escolhido e os craques do primeiro time  já foram convocados.  Os jogadores do segundo time, embora já estejam na cabeça do “Felipão”, os seus nomes ainda não foram divulgados. Primeira qualidade do técnico: saber escolher os integrantes de sua equipe. Primeira avaliação do técnico: Considerando-se  que alguns jogadores declinaram-se dos convites, os “craques” convocados representam o que há de melhor no mercado ? Ficou algum “Romário” de fora, sem ser convocado pelo técnico ?

ESCALAÇÃO
Pelo nosso modesto conhecimento e vivência na área pública, o sucesso de uma gestão requer do técnico, prefeito, uma visão holística do “todo”, nem que seja de cunho superficial e, de seus assessores, os jogadores, um conhecimento aprofundado e específico da “parte”, de sua área de atuação. Segunda qualidade do técnico: colocar a pessoa certa em cada área, de acordo com a aptidão de cada jogador. É sabido por todos que o Neymar é um craque em sua posição. Hipoteticamente, o Muricy resolve escalá-lo para atuar no gol. Resultado previsto: um fracasso para o  Santos e um “arraso” para sua reputação profissional e de imagem pessoal. Segunda avaliação do técnico: a escalação feita pelo técnico “Felipão” está correta e de acordo com aptidão de cada jogador ? O perfil de cada jogador está adequado à função que irá desempenhar ? Cada jogador escalado tem conhecimento aprofundado em sua respectiva área que irá atuar ?

VIÉS TÉCNICO E VIÉS POLÍTICO
Outro fator importante e determinante para o sucesso de sua administração é a observação  pelo técnico “Felipão” do viés técnico e político de cada jogador. Somente à titulo de exemplo, o ocupante dos cargos de Assessor de Comunicação e de Assessoria de Governo, necessita ser portador de um viés muito mais político do que técnico. Ao passo que o ocupante dos cargos de Secretaria de Fazenda, de Planejamento e de Administração, necessita ser portador do viés essencialmente técnico, porém, com visão e sensibilidade política. Este perfil foi seguido pelo técnico “Felipão” na escalação destes jogadores para estes cargos ?

SECRETARIA FAZENDA
O Prefeito precisa aprender a ouvir o seu Secretário de Fazenda quando este conhece bem o “chão” de sua secretaria. Já tive a oportunidade de dizer para o nosso técnico “Felipão” que o coração e pulmão da administração pública estão localizados na Secretaria de Fazenda. O sucesso de uma administração, além dos fatores aqui já citados, uma parte dependerá dos atos de seu Secretário de Fazenda e a outra grande parte dependerá do espírito de grupo, do trabalho motivado e em equipe, de todos os jogadores, sem estrelismos, que contribuirá para a formação de um ambiente de respeito e marcado por uma vibrante sintonia reinante entre os jogadores e o seu técnico e, como feliz resultado, a vibração e o entusiasmo dos torcedores satisfeitos com as constantes vitórias de seu time.
Embora “míope” e sem querer ser dono da verdade, esta é a minha modesta visão de como deve ser e pautar uma administração pública, além da transparência, ética e correção de todos os atos praticados e visando sempre o interesse essencialmente público.
PRINCÍPIO DA PRUDÊNCIA
As críticas, embora já existentes, são naturais e próprias do jogo político. Amparado pelo princípio da prudência, jamais me arriscaria a tecer qualquer tipo de crítica ao técnico “Felipão” e aos seus “craques” neste momento em que o time ainda nem tenha entrado em campo. Aprendi com os meus cabelos esbranquiçados, ou com a falta deles, a analisar as jogadas somente após um período de vinte a trinta minutos do jogo iniciado. Ainda é cedo e arriscado para críticas.

DELCI COUTO – Contador, Perito, Auditor e Consultor Empresarial
Secretário Municipal de Fazenda no período de 01/01/2001 a 31/03/2007.