terça-feira, 3 de setembro de 2013

SALADA MISTA: SERVIÇO DE UTILIDADE PÚBLICA

APRENDENDO COM OS VEREADORES
Noticiada a permuta de imóveis pelo poder publico na imprensa local, na qualidade, também,  de profissional do ramo imobiliário, resolvi, como “palpiteiro técnico”, entrar neste perigoso circuito, com o objetivo  maior  de prestar mais um serviço à coletividade e evitar o indescritível massacre psicológico ao cometer o imperdoável crime da omissão. Na abro mão de minha convicção, embora seja uma  tarefa penosa e danosa, combater o “erro” representa uma contribuição de valor inestimável que o cidadão poderá dar a sua coletividade.
Neste diapasão, na ensolarada e gratificante manhã deste sábado, último dia do  apocalíptico mês de agosto e imitando o vereador licenciado e  Secretário Municipal de Serviços Urbanos, meu particular amigo Sinval, peguei a minha câmara digital e fui conhecer e documentar as áreas que estão sendo permutadas. Pasmem senhores! Constrangimento geral! Inacreditável o que está acontecendo em nosso reino...
Sorumbático, comecei a refleti e a conclusão veio num passo de mágica: preciso, devo e tenho muito a aprender com os nossos vereadores! Sou mesmo um “burro”, um ser  desprovido de um mínimo de inteligência... O que adiantou fazer dois cursos de graduação, uma especialização – MBA- em Contabilidade, Finanças e Gestão e, posteriormente, outro curso de Auditoria e Consultoria, todos na badalada instituição de ensino da área econômica , a F.G.V. Simplesmente, não serviu para nada....
Posteriormente, em 2010/2011, retornei aos bancos escolares para concluir o curso Técnico em Transações Imobiliárias e apesar da minha reconhecida “burrice”, aprendi muita coisa nesta nova área do conhecimento. Mas, infelizmente, todas as teses e teorias aprendidas foram sumariamente lançadas por terra nesta “brilhante” decisão da Câmara Municipal no processo de permuta de imóveis. Um conselho aos nobres parlamentares: abram um curso de avaliação imobiliária e nos ensinem as novas técnicas de avaliação, o retorno financeiro será gratificante e imediato! Prometo ainda ser o “garoto propaganda” neste curso de interesse da coletividade...

TÉCNICA DE AVALIAÇÃO IMOBILIÁRIA
Apesar das minhas deficiências e dificuldades naturais e intelectuais de aprendizagem, consegui assimilar neste curso as diferentes fórmulas e técnicas a serem seguidas na avaliação de imóveis, bem como os fatores preponderantes nesta avaliação que, dentre eles, destacamos: serviços públicos existentes, ou seja, água, energia, telefonia, rede de esgoto, calçamento etc; qualidade topográfica do imóvel, localização, tipo de construção existente, dentre outras, alem da existência ou não de possíveis clientes alvos, interessados na posse do imóvel avaliado.

TERRENO NA RUA ESPARTA, NOVO ACLIMAÇÃO
Lote de 480 m2, situado no valorizado bairro residencial de classe média alta, preponderantemente ocupado por lindas e espaçosas casas que, dentro de nosso padrão, podem ser caracterizadas como mansões. Existência de serviço público de qualidade, com energia elétrica, telefonia, calçamentos modernos de paralelepípedos, topografia valorizada pelo seu reduzido declive, semi-plano. É um lote de esquina, com frente para duas ruas, com seus prós e contras, porém, com vantajoso custo-benefício, ou seja,  o ganho de possuir frente para duas ruas supera em muito a perda de redução de espaço para a edificação e de sua formação caracterizada como irregular.
A cada dia que passa surgem novos projetos de construções de enormes casas residências neste valorizado bairro e, consequentemente, o público/cliente alvo na aquisição deste imóvel é a classe média alta, em tese endinheirada e ou de fácil acesso á créditos imobiliários, que busca realizar o sonho numa espaçosa e confortada mansão residencial. O preço médio de um lote de 360 m2 neste bairro oscila em torno de 150.000,00, ou seja,  416,67 por m2. O preço médio estimado de mercado para este imóvel de 480 m2 é 200.000,00 (duzentos mil reais) com as seguintes variações:
Limite inferior de:            180.000,00 (cento e oitenta mil reais)
Limite superior de:           220.000,00 (duzentos e vinte mil reais).

DOIS LOTES NO BAIRRO IPIRANGA
Terreno de 720 m2, dois lotes de terras,  situado no bairro Ipiranga, preponderantemente de classe média baixa, constituído de uma  topografia bastante acidentada, com exceção de uma pequena área plana, na expressão popular é conhecido como “ribanceira” que dificulta  e encarece qualquer projeto de edificação.  Serviço publico praticamente inexistente, apenas rua de terra, sem calçamento, energia elétrica apenas até à ultima casa edificada (estes lotes estão posterior à ultima casa edificada).
O publico/cliente alvo de possíveis pretendentes na aquisição desta área é pequeno, consequentemente, reduzido o seu valor de mercado em função da lei da oferta e da procura, diante de dois fatos determinantes: o bairro caracterizado como de classe media baixa atrai, naturalmente, cidadão desta mesma classe, com pouco recurso financeiro, além de outro dificultador que é o elevado custo da construção por se tratar de imóvel topograficamente acidentado. O cidadão poderá até ter o dinheiro para a aquisição mas, dificilmente o terá para o elevado custo desta edificação. O preço médio estimado de mercado de um lote de 360 m2 com estas características descritas oscila em torno de 45.000,00, ou seja, 125,00 por m2. O preço médio de mercado deste imóvel de 720 m2 é de 90.000,00 (noventa mil reais) com as seguintes variações:
Limite inferior de          83.000,00 (oitenta e três mil reais)
Limite superior de         98.000,00 (noventa e oito mil reais).

                CRITÉRIO DE AVALIAÇÃO DOS VEREADORES
Qual o critério de avaliação adotada pelos vereadores ? Quem o orientou? Existe no processo um laudo técnico de avaliação ? Quem foi o avaliador e qual o nº de seu CRECI/MG ? A Câmara Municipal contratou outro técnico para avaliar os imóveis permutados e confrontar  os valores com os do projeto do executivo ?
Meus filhos têm  razão  quando dizem que estou ficando “veio” e fora de moda. Para desempenhar o meu papel como profissional, o bom senso me orienta  a seguir a boa  técnica aprendida nos bancos escolares. Os nossos edis seguem a velha e rentável técnica do compromisso político atrelado ao poder executivo. E que se “danem” os oitenta mil cidadãos desta terra, pagadores de impostos e de seus próprios contracheques mensais. Estes oitenta mil cidadãos são os reais proprietários do patrimônio publico, inclusive desta área, objeto deste processo “fajuto” de permuta de bens públicos, com real desvantagem para a coletividade.

FALANDO A MESMA LÍNGUA
Tecnicamente, concordo plenamente com a posição dos Vereadores Belmar Diniz e meu particular amigo Thiago Titó que, além de votarem contra a aprovação do projeto, sugeriram o instrumento de “desapropriação” como melhor alternativa. E qual a problema da desapropriação? – Nenhum. Neste projeto de duplicação da BR 381 muitas área próximas à Br estão sendo desapropriadas aqui  mesmo em João Monlevade. Dizer que não tem dinheiro para pagar a desapropriação é mais uma das séries “acredite se quiser”. Neste mês de setembro, teremos audiência pública de prestação de contas do 2º quadrimestre de 2013 e arrisco um palpite: o saldo financeiro do município em 31 de agosto de 2013 é superior a treze milhões de reais.

ASSESSORAMENTO POR ESPECIALISTA
Defendo sempre a tese da necessidade premente da Câmara contratar especialista para dar suporte aos vereadores quando for necessário.O vereador, não necessariamente, necessita ter aguçado conhecimento em questões técnicas de orçamento, do relatório quadrimestral de gestão fiscal e nem ser expert em  avaliação imobiliária. Mas um assessoramento eficaz torna-se indispensável para o bom exercício parlamentar e   muito mais salutar para a coletividade o custo beneficio desta contratação do que fazer alarde com a devolução pela presidência da câmara ao executivo de um dinheiro que nunca foi seu, pois a Câmara não é geradora de receita pública. Para ficar apenas num exemplo, os vereadores deveriam ir para as audiências públicas de prestação de contas mais bem preparados, assessorados previamente por um especialista para evitar o transtorno ocorrido na última prestação de contas em que os atores principais – vereadores, e secretária de fazenda – por falta de conhecimento e de preparação técnica, cederam  o seu espaço para o líder do grupo transparência que, com o devido planejamento técnico, roubou a cena e encarnou de fato o papel de protagonista. Um aviso aos navegantes: neste mês de setembro, haverá nova audiência pública de prestação de contas, como comportarão os atores ?

                          A SUBSERVIÊNCIA DO LEGISLATIVO
A tal de base de apoio ao governo, a subserviência do legislativo ao executivo é o grande mal que se alastra  país afora, como muito bem retratou o editorial do “A Notícia” desta sexta feira. Esta situação de toma lá dá cá é maléfica para a sociedade e um projeto de reforma administrativa com a redução radical dos cargos comissionados, dos atuais 200 para apenas algo em torno de 50,  teria o poder de anular ou, no mínimo,  reduzir eficazmente este efeito devastador e imoral de subserviência.
 Outro ponto que nos leva a refletir sobre o futuro de nossa cidade é o rico conteúdo do “Emporium” desta mesma semana do brilhante colunista Márcio Passos.
Por outro lado, neste atual modelo, ficando apenas no campo das hipóteses, o que adianta a Câmara contratar especialista da área imobiliária se já existe o fiel comprometimento da base aliada em votar “cegamente” com o governo ? Até quando este filme será reprisado ?
O SONHO NÃO ACABOU
A cada quatro anos, muda-se apenas parte dos atores mas o enredo da história continua o mesmo: situação e oposição. Até quando ? - Não sei...
Como estudioso da simbologia dos números, o número dois não é portador de fluidifica energia e deve ser evitado. A atual composição do Câmara com três grupos seria muito mais benéfica à coletividade: situação com dois vereadores do PSDB, seria natural por ser o mesmo partido do executivo, oposição com um ou dois vereadores, representando a oposição sistemática ao governo do PSDB e a maioria esmagadora com sete a oito vereadores com a posição cidadã de independência e compromisso com a coletividade e não com o executivo. Como Martin Luther King, também sou um sonhador: quem sabe um dia os meus filhos e netos possam desfrutar dessa nova visão cidadã nas ações da  Câmara Municipal... Quem viver, verá!
                                              
TAPA NA CARA
Esta semana que se findou poderá ter um de dois fins antagônicos e distintos: ser apagada definitivamente de nossa memória ou poderá representar um novo “marco histórico”, um motim para novas lutas democráticas. De Brasília vem a vexatória humilhação da cidadania brasileira no lamentável episódio da libertação do “ilustre” Natan Donadon. Um verdadeiro “chute no traseiro” nos  valores éticos da honra, da dignidade e dos bons costumes. Aqui em Monlevade o escripit não é diferente: do executivo vem a estapafúrdia notícia da extinção do projeto educacional do IFMG; e da câmara municipal vem  esta agressão inesperada, este indesejável “tapa na cara” dos cidadãos monlevandenses... E este “tapa na cara” doeu e ainda doe...  Minhas faces rubras reclamam e pedem reação imediata!  Como cidadãos, estamos todos envergonhados por este tremendo e inesperado “tapa na cara”!

VOLTAR PARA A RUA
Não podemos e nem devemos “baixar a guarda”. É hora de ir à luta novamente.  O executivo e o legislativo são apenas funcionários desta grande empresa chamada João Monlevade. Como acionistas desta grande empresa, não vamos deixar eles fazerem o que bem entenderem e muito menos deixarem entregar um bem nosso para terceiros com prejuízo para a coletividade.  Seria de bom alvitre que você também, cidadão, vá conhecer estes imóveis que estão sendo permutados. Ainda há uma luz no meio do caminho. Como acionistas, defendamos a nossa empresa, façamos um grande movimento nas redes sociais e vamos novamente para a rua! Por que não  ocupar a Câmara Municipal nesta quarta feira e  exigir  a retirada definitiva deste processo da pauta de votação em segundo turno ? O protesto nacional está marcado para o dia sete de setembro. Por que não  antecipar o nosso protesto para o dia quatro de setembro na Câmara Municipal ?

                    DELCI COUTO – Corretor/Avaliador Imobiliário CRECI/MGF 20.836

                    Contador, Perito, Auditor e Consultor Empresarial CRC/MG 23.550

Um comentário:

  1. Excelente artigo, meu irmão Delci Couto. Eu disse outro dia em uma postagem no eleições ou transparência que, esgotada as negociações a prefeitura deveria desapropriar o imóvel, continuo com o mesmo pensamento.

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